domingo, 16 de janeiro de 2011

Redes digisociais

A internet esta te matando. Você acredita?

A modernização é uma palavra perigosa. Engraçado hoje, você relacionar o que é moderno: O que hoje é moderno, amanhã será obsoleto. E a nossa sociedade vive presa nesse sistema do modernismo. Se for levar pelo lado sócio-cultural, tudo isso que vivemos atualmente pode ser mais simples do que parece. Já houve a época do iluminismo, pré-modernismos parte 1, 2 e 3, entre outras "fases" que nossas antigas gerações passaram para a gente. E essa fase que a gente está vivendo, põe um grande medo nas pessoas de dar game over. (como saber se esse medo não existe nas fases antigas?)
Tudo moderniza. Porque antes você tinha de ir à Pharmácia, e hoje você vai à farmácia? o mesmo com o Theatro (aham, que você vai ao teatro!). Porque antes você tinha que "bater pernas" para pechinchar algo para comprar, batendo de loja em loja e hoje você não sai de casa e recebe o produto na tua porta? Isso é modernização: Presa no sistema literário, pelo menos espero que sim. Acontece que a modernização acontece como um forno a lenha: demora para esquentar, mas depois de quente é dificil controlar sua temperatura. É o que há: Vinte anos atrás você comprava um toca discos. Você não se preocupava em guardar dinheiro para comprar o toca discos II, pelo contrário, tinha um alívio do tipo "ufa, comprei!". Hoje não, você compra um iAlgumacoisa pensando no iAlgumacoisa 2. A velocidade de modernização é muito alta, e a de obsolencia é maior ainda. Muitas vezes, quando você acaba de comprar, já ficou pra trás, pois no dia seguinte já lançaram um aparelho superior.
E isso é só uma fração dos problemas mentais da modernização. Há milhares de coisas que mudaram drasticamente, e eu insisto em dizer que foi para pior. Exemplo: Músicas. Que graça tem, comprar música pela internet? comprar é coisa de zero virgula algum por cento né, a maioria baixa na ilegalidade. Antes você tinha o Vinil ou CD, com capinha, na maioria bem feita, com arte no interior, letra das músicas e créditos. Hoje você escuta o som de alguma banda e não sabe nem de quem é. Aquele gosto assíduo de ser um fã número 1 de alguém está acabando aos poucos, pois a internet está criando milhões de "celebridades" de fundos de quintal.
A internet hoje não é mais uma coisa que seja saudável pra ninguém: É uma doença. Quem lê e-mail? Pouca gente. Quem lê jornal de verdade, daqueles impressos? O mundo está migrando para o Cloud Computer. Você acorda e vai pra tela do computador e só a desliga pra dormir.
E o pior de tudo é: saber que as pessoas não vê desvantagem nenhuma no uso da internet, e acha que é as mil maravilhas e que nada de ruim vai acontecer se ela ficar em casa, diante de uma tela. É como quem promove um comercial de bandas de acesso, alegando que se o filhão ficar em casa, é mais seguro do que ele sair na rua para ir numa lan house. É o fim da picada né?
O que eu não consigo entender, é como tudo isso foi chegar à esse ponto. Quem é geek, se recorda de pelo menos ler sobre como foi difícil o início dos computadores pessoais. Há uma cena no filme "Piratas do vale do silício" (Pirates of Sillicon Valey, ou Piratas da informática) em que Steve Jobs oferece uma ideia de computador pessoal para determinado empresário, e ele praticamente ri da cara dele. Hoje qualquer lugar que você entra tem um computador ligado. Isso soa um tom ironico do avanço de 50 anos em 5 de JK, mas falando disso não foi pro Brasil, foi pro Mundo. Só que 50 anos em 5 bytes. 30 milhões de pessoas em 30 milhões de perfils no orkut. E assim vai...

E o lado bom?

Tudo tem seu lado bom como manda a regra. Vai dizer que não é bom tuitar e ver que seu tweet recebeu um RT? de blogar, ou usar o tumblr, facebook e praticamente aprender com o google. Isso é muito legal. Só que a coisa poderia ser mais reservada. As pessoas não poderiam levar tudo isso tão a sério. Eu sou um péssimo exemplo para incentivar o contrário, pois trabalho com internet, conheci minha namorada no twitter e meu atual trabalho foi de contato com um cara que conheci na internet.
Acontece que as coisas não são dosadas. As pessoas esquecem da vida social lá fora, e ficam no computador esperando que alguma coisa de bom caia e que mude a vida dela. Ou tratar o twitter, orkut ou tumblr como pscicólogo para descontar suas tristezas, como se fosse resolver.
Esse senso de internet que ataca o mundo, prende as pessoas na tela e não deixa com que elas vivam a vida como deveria ser vivida, usando o corpo e não só a mente. Daqui vinte anos, o número de pessoas com doenças mentais será absurdamente enorme. Mas internet é uma coisa gostosa...

Google wins, flowless victory. Brutality.

Você não vai sair da sua casa pra ir ler um livro em alguma biblioteca, porque pode baixar um livro pelo google. Você não vai na casa do teu amigo passar uma tarde porque você pode falar com ele por msn. Essa é a doença da internet: deixa as pessoas acomodadas demais. Eu já ouvi comentário do tipo "Pra que eu vou aprender isso, sendo que quando eu precisar, é só procurar no google?" é bem assim :"xou burro mais uso o google." As pessoas não entendem que, por mais seguro que seja o sistema de intercominicação mundial de arquivos hospedados, algum dia, pode cair. E se cair meu amigo, o google não vai poder te salvar.

A essência sendo usada como vício

Acho o sistema de fluxo informacional da internet delirante. Não costumo usar o msn no trabalho, o que torna mais dificil a comunicação quando alguém quer me falar algo. Então hoje um amigo precisava falar urgente comigo, algo de trabalho mesmo, super importante e me mandou um tweet. No mesmo instante, o sistema Push do meu iPod Touch mandou uma mensagem com som mostrando o tweet dele. ou seja, a informação chega até você de um modo extremamente rápido, gratuito e funcional. E como o aparelho estava do meu lado, foi fácil ver o que ele tinha me mandado, assim, consegui falar com ele.
É uma vantagem a parte. Usar esse sistema para esse fim, é uma coisa extraordinária. Mas acredito que esse sistema exagera ou as pessoas abusam dele e não conseguem largar. As pessoas estão cada vez mais, vivendo menos. Deveria haver moderação. Vai numa festa, mande um tweet, a pessoa recebe via push ou sabe lá o que. Ou um convite via facebook. Tem um amigo que não vê há anos? adicione no orkut, mantenha contato. Mas não fazer das redes sociais, a sua rede social, a sua vida, o seu mundo, seu círculo. E é o que a maioria está fazendo: Deixando o mundo de lado, para trocar tweets o dia todo, ou alimentar sua fazenda virtual.

E se...
Um dia as redes sociais acabassem? Imagine num golpe muito ninja, do qual derrubasse as grandes muralhas dos sistemas de rede e levasse pro fundo do poço todas as redes sociais a ponto de ser irreversível. O sistema destruído, os bancos de dados idem, e todos os perfils das pessoas virariam pó. Qual seria a reação mundial? sairiam pela cidade para botar fogo em tudo quanto é canto? Tentariam linchar os geniozinhos criadores das redes ou geraria uma revolta que não é imaginável? E se todo esse sistema global da informação em tempo real sumisse, e as pessoas teriam de ser obrigadas a comprar jornais impressos pela manhã, andar de loja em loja  e fazer seus músculos funcionarem. Dá pra imaginar nossa sociedade hoje, sem computadores?