domingo, 7 de março de 2010

O futuro que ninguém vê

Eu sempre vi uma comparação evolutiva entre as espécies que possivelmente foram lapidando o homem até ser o que é hoje. Do neanderthalensis ao homo sapiens há uma ligação interessante relativa à necessidade de sobrevivência. A sua evolução gradativa foi completamente de modo mecânico, sem qualquer vestígio de razão intelectual, até porque nada o interessava além de objetos que garantissem sua sobrevivência, certamente sem nenhuma interatividade, seja qual for o tipo. Essa característica tem uma fração de permanência até os dias atuais, simplesmente ao fato da maioria das pessoas não aceitar ou não querer aceitar uma evolução que venha ocorrer por efeito de comodidade.

Falando em evolução, é altamente notável a evolução da internet nos dias atuais. Em questão de apenas uma década, ela foi capaz de mudar a forma como vemos e entendemos o mundo, enriquecendo vários setores econômicos, principalmente aqueles voltados à publicidade. Hoje, a internet recheada pela web 2.0 mudou muito esse conceito global, principalmente com a vinda de paginas wikis e redes sociais. Isso causou, o que chamo de “impressão por utopia”, pois no mundo sólido, era altamente inimaginável que uma simples página virtual acessada pelo mundo pudesse fazer girar a roda econômica. Mas aí que se encontra o segredo da coisa (que levei muito tempo pra entender): O mundo vê esta página. Não são milhares, nem milhões, mas bilhões de pessoas e isso é monstruoso.

Em tempos não muito distantes, eu me considerava um “anticristo da web” sendo totalmente contra à evolução de redes sociais e qualquer investimento voltada ao conteúdo digital. Fiquei um bom tempo sem usar a internet, porque acreditava que aquilo era um buraco que ia deixar as pessoas mais presas ao computador, fazendo com que elas tomassem isso como atividade principal, perdendo seu tempo cada vez mais diante de um computador, ficando consequentemente cada dia mais burras. Eu acreditava que as pessoas estavam se esquecendo do mundo lá fora, e se dedicando apenas para a vida digital. Mas percebi que estava parcialmente errado. A internet é composta por 80% de lixo e 20% de conteúdo. Pessoas sem qualquer influência cultural, cada dia passa a interagir mais com o lixo virtual, e ficarão cada dia mais sem cultura e mais burras. Mas as pessoas que fazem bom uso da internet, que aprende, ensina e interage de modo civilizado, acaba ficando cada vez mais culta e sábia.

Como em qualquer lugar, quando ninguém sabe mais do que ninguém, mas todos podem aprender, um com o outro. E muito. Demorei, mas entendi o quão grande é o poder das redes sociais e a influência que ela causa na vida pessoal/profissional das pessoas. E esta evolução causa inclusive um impacto muito grande aqui, no mundo sólido, pois a internet está cada vez mais independente de um computador, podendo ser acessada por qualquer dispositivo que receba sinais de banda, seja com ou sem fio. E isso balança muito o equilíbrio econômico voltada para a tecnologia digital e desenvolvimento de softwares. Acaba sendo inviável criar um programa de computador que seja operado no modo off-line, sendo que as pessoas usam 80% do tempo no computador diante de um browser. Há muitas pessoas que ligam o computador para ler emails, interessadas em comprar celulares com wi-fi, interessadas em acessar seus arquivos de qualquer lugar do mundo via Cloud Computing. E ao mesmo tempo as pessoas não percebem que tal evolução implica no abandono de determinados tipos de hardware que aos poucos passam a ser inúteis. O melhor exemplo para ilustrar isso é o iPad: Muita gente criticou a ausência de uma porta USB no aparelho. Eu adorei saber que o iPad não tem nenhum tipo de conexão sólida além da porta de energia. Isso significa andar pra frente, migrar para o amanhã onde tudo estará na rede.

Criar hardware com visão futurista, mas com arquitetura atual é ficar na obsolescência. Muita gente também criticou no lançamento do primeiro iMac em 1998, a ausência de conexões comuns de época, mas hoje todo mundo sabe que portas paralelas e PS/2 são totalmente inúteis em grande maioria. Voltando no iPad, também aplaudi o fato de não haver suporte ao Flash, porque sabemos que ele pode ser substituído por tecnologias bem mais ágeis e melhores, além de muito mais poderosas. E sem preloader. E daqui 10 anos, onde tudo for virtualizado, você vai dar crédito à conexões e pen drives? Duvido.

revisado em e atualizado em: 26/04/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário